sexta-feira, 18 de julho de 2008

Manifestações Brasil afora (ATUALIZADA)

Vamos recordar as manifestações convocadas? Todas acontecerão dia 19 de julho (sábado), às 10hs. Aqui vai:

1 - no Rio (Candelária);

2- em São Paulo (Masp);

3- em Belo Horizonte (Praça da Liberdade);

4- em Porto Alegre (Monumento do Expedicionário);

5- em Curitiba (Boca Maldita);
6- em Blumenau (escadaria da Catedral, rua XV de novembro);
7- em Goiânia (calçadão do Parque Areião, situado na Av. Edmundo Pinheiro de Abreu, em frente à PF); e
8- em Recife (Rua do Lima, Santo Amaro, em frente à TV Jornal do Comércio).
PRESENÇA MASSIVA!!!
Por favor, mandem fotos (UMA por pessoa) das manifestaçoes, ok? Abçs.
Correio eletrônico: observatoriodajustica@gmail.com

13 comentários:

MASQUINO disse...

Desejo externar meus parabéns e meu total apoio ao Juiz Federal Fausto De Sanctis por sua competentíssima atuação nesse caso do Daniel Dantas.O procurador Rodrigo De Grandis e o Delegado da Polícia Federal, Protógenes Queiroz, também estão de parabéns e têm todo o apoio dos cidadãos que querem esse país melhor.
Eu,como membro do Movimento dos Sem-Mídia(MSM) e membro do Partido Trabalhadores(PT) também agradeço por limparem os partidos políticos da bandidagem que nos assola.
Um grande abraço,juiz De Sanctis!!!
Marco Aurélio Neves Lima de Almeida-Engenheiro

Anônimo disse...

Vejam a relação de Mendes com Dantas - no Terra:

http://noticias.terra.com.br/brasil/interna/0,,OI3013906-EI12081,00-Jornal+defesa+de+Dantas+cita+Mendes+em+emails.html

Waleria
www.belaspalavras.com

Anônimo disse...

O juiz De Sanctis está honrando todo povo brasileiro. Precisamos retribuir este gesto de grandeza fazendo a nossa parte participando dessa "grande festa" da democracia. TODOS. COMPAREÇAM!!! É CHAGADA A HORA!!!

Anônimo disse...

ESPERO VER O DR.FAUSTO MARTIN DE SANCTIS..NO STF....NA CATEDRA DO
DR. EVANDRO LINS E SILVA.......
APOSENTADO PELA DITADURA..........
GRANDE JURISTA.. DE REPUTAÇÃO....
ILIBADA!!QUE HONROU COM SUA PRESENÇA O STF!!PRECISA SE MUDAR APENAS CRITERIOS DE ESCOLHA...... NÃO POLITICOS COMO GILMAR MENDES...
MAS PROFISIONAIS CO´MPETENTES DO
JUDICIARIO!! AI HA A EFICAZ APLICAÇÃO DO DIREITO!!

Anônimo disse...

Amigos, vejam

http://www.paulohenriqueamorim.com.br/forum/Post.aspx?id=414

Vamos apoiar o Cícero?

Anônimo disse...

Carta à República
Milton Nascimento
Composição: Milton Nascimento/Fernando Brant

Sim é verdade, a vida é mais livre
o medo já não convive nas casas, nos bares, nas ruas
com o povo daqui
e até dá pra pensar no futuro e ver nossos filhos crescendo e sorrindo
mas eu não posso esconder a armagura
ao ver que o sonho anda pra trás
e a mentira voltou
ou será mesmo que não nos deixara?
a esperança que a gente carrega é um sorvete em pleno sol
o que fizeram da nossa fé?

Eu briguei, apanhei, eu sofri, aprendi,
eu cantei, eu berrei, eu chorei, eu sorri,
eu saí pra sonhar meu País
e foi tão bom, não estava sozinho
a praça era alegria sadia
o povo era senhor
e só uma voz, numa só canção

e foi por ter posto a mão no futuro
que no presente preciso ser duro
que eu não posso me acomodar
quero um País melhor

___________________________________

Desejo a todos vocês muita forca nas manifestacoes e, acima de tudo, vitória! Que ventos de verdadeira Justica soprem de Norte a Sul e de Leste a Oeste do Brasil! Pelo fim da impunidade!

Anônimo disse...

Apoio o juíz Fausto De Sanctis, pela sua postura de magistrado, mas não é só isso, a sua combatividade, contra aqueles que querem lhe calar, é um juíz por seus mérios (concursado), não é um juíz indicado, para fazer trapalhadas, como o nosso dignissimo presidente do STF que manchou aquela Corte.
Parabéns e não desista.
Fernando

Deforti disse...

Lula é mesmo uma metamorfose.

Saiu da crise do mensalão para o rega bofe da CUT em 2 anos, e continua firme com suas festas da quadrilha.



Das páginas da Internet:



Em abril de 2006:

Depois da arrasadora denúncia da quadrilha petista feita por Antonio Fernando de Souza, procurador-geral da República, Luiz Inácio Lula da Silva ficou na incômoda situação de explicar como se pôde armar ao seu redor uma quadrilha tão numerosa e organizada. São 40 os ladrões de dinheiro público, encastelados no governo do PT e denunciados pelo procurador-geral.

Hoje, tudo foi prontamente arquivado, o Zé Dirceu, o Valdomiro Diniz, o Delúbio e todos os mensaleiros vão bem, obrigado.



Em abril de 2008:

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reuniu em uma solenidade, um grupo de mais de 50 sindicalistas para comemorar o veto ao artigo que obrigava essas entidades a prestar contas do uso do imposto sindical ao Tribunal de Contas da União.

Entre os presentes estavam o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, e o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força Sindical. Comemoraram em uma festa a portas fechadas o veto do presidente Lula à medida que abriria a caixa-preta de cerca de R$ 1,2 bilhão anuais, sendo R$ 100 milhões só para as centrais sindicais, um verdadeiro golpe de mestre.



Dos comentários do caso Daniel Dantas de Euglaudston Teixeira Celestino na internet:
O Deputado Candido Vacarezza (PT-SP) está equivocado, essa pressa toda de seus cumpaneiros em abafar o caso, não chega somente em outros lugares, chega dentro do Palácio do Planalto, pois não é a primeira vez que se quer blindar o Presidente Lula, o Seu Secretário Gilberto Carvalho e Dilma Russeff, vamos recordar um pouco, lembram-se do caso Duda Mendonça, ao ser preso sacou do telefone e de imediato o delegado foi destituido e ele solto, no caso do Dossiê contra o Candidato do PSDB, a Policia Federal prendeu os elementos dentro de um hotel com1.700,000,00, o delegado foi afastado e até hoje ninguém sabe da conclusão -eram simplesmentes "Os Aloprados", No caso do outro dossiê contra o FHC e sua esposa (já falecida) Apareceu um bode expiatório, que calou e tudo ficou por isso mesmo, nem mesmo perdeu o emprego, mas ainda tem outros casos, bastam procurar nos acervos jornalisticos que encontrarão dolares em cuecas, mas maletas e caixas de bebidas (os valeriodutos) os sanguessugas, os vampiros...



O Brasil virou um grande araial de festa junina, toda noite de São João, Lula bota uma fantasia de caipira e pousa para fotos.

Mesmo com as séries de escândalos que assolam o planalto e seus acessores diretos, nada segura essa quadrilha.


pra mudar só com candidatos limpos
http://www.mcce.org.br/index.htm

Anônimo disse...

Como foram as manifestações ? Ou não foram ?

Deforti disse...

Finalmente alguma pessoa que tem visão e é independente nessa globalização do lulismo.

O resto é marketing político pra enganar os desavisados que acreditaram nesse ilusionismo.

http://oglobo.globo.com/blogs/lampreia/

Foi preciso que o sistema financeiro internacional chegasse à beira do colapso e a unanimidade dos analistas dissesse que esta é a pior crise econômica desde a década de 30 para que o nosso presidente ,finalmente,deixasse de lado sua conversa do Brasil ,ilha de prosperidade.

Não se pode ,porém ,deixar de registrar que o governo brasileiro não aproveitou os anos de bonança para realizar as reformas estruturais- tributária, previdenciária,trabalhista e outras - que poderiam tornar mais sólida a nossa economia e amenizar a redução inevitável do crescimento.

Em realidade ,o governo Lula gastou como nunca, particularmente nas despesas com pessoal e encargos sociais que são a base de sua popularidade.Só no orçamento de 2009 a proposta é de um crescimento de 23% nessas despesas.Permanece por isso uma fragilidade preocupante na área fiscal.

Deforti disse...

http://oglobo.globo.com/blogs/passos/

Enviado por José Meirelles Passos - 7/10/2008- 2:45
O Tesouro está entregando o galinheiro à raposa...

Parece piada, mas é verdade. O pacote de US$ 700 bilhões que o governo dos Estados Unidos criou para salvar bancos e financeiras, e colocou na mão do Departamento do Tesouro para administrar, está sendo... terceirizado!

O Tesouro, em vez de analisar cada caso, vai colocar o dinheiro em mãos de corretoras de Wall Street. Elas é que decidirão que títulos podres das hipotecas (inadimplentes) serão adquiridas. E, é claro, vão estabelecer o seu preço.

O Tesouro colocou ontem um anúncio em seu website buscando firmas do setor interessadas em cuidar dessa tarefa – que, pensavam os americanos, ficaria em mãos do governo para “moralizar” o setor. No fundo, o galinheiro será entregue às raposas.

Na verdade, o próprio pacote – soube-se ontem – foi, digamos, “inspirado”, por Wall Street. Três ex-executivos da Goldman Sachs, em New York, ex-colegas do secretário do Tesouro, Henry Paulson (que ali trabalhou até entrar para o governo, dois anos atrás), vem prestando assessoria a ele na busca de uma solução para a crise.

Enquanto aqui os juízes combatem o nepotismo, na terra do tio Wall tem uma onda de terceirização um tanto quanto sinistra. Deve ser horrivel viver num lugar desses...

Deforti disse...

A onda da tercerização
“Quem quiser ficar rico, não vá ser juiz”
João Batista de Arruda Sampaio,
desembargador e jurista (1902-1987)

http://www.cartacapital.com.br/app/materia.jsp?a=2&a2=8&i=2287

Desde que veio à tona a história do suposto grampo de uma conversa com o senador Demóstenes Torres (DEM-GO), o presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, galvanizou os anseios de uma parte da sociedade que enxerga nos ministros de tribunais superiores a chance de controlar o poder negado nas urnas em eleições recentes. Como “vítima” de uma interceptação ilegal até agora não comprovada, Mendes acabou alçado à condição de paladino do Estado de Direito, dos valores republicanos e, por que não, da moralidade pública.

Quem tem a pretensão e o pendor para “varão de Plutarco”, presume-se, segue à risca na vida particular os padrões morais que prega aos concidadãos. Não parece ser este o caso de Mendes. A começar pela sua participação no controle acionário do Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP). Há de cara um conflito ético, ainda que as regras da magistratura não sejam claras o suficiente sobre a permissão de juízes possuírem negócios. Criado em 1998, o IDP organiza palestras, seminários e treinamento de pessoal, além de oferecer cursos superiores de graduação e pós-graduação. Entre 2000 e 2008, faturou cerca de 2,4 milhões de reais em contratos com órgãos ligados ao governo federal, todos firmados sem licitação. No quadro de professores contratados pelo instituto figuram ministros de Estado e dos tribunais superiores, e advogados renomados, vários deles defendendo clientes com ações que tramitam no STF presidido por Mendes.

Ser juíz no Brasiu é mutcho bão, eles combatem o nepotismo trocando o acessor pelo conjuge, tercerizão cursos, palestras e treiamentos e faturam por fora uns 300 mil por ano, esse cara é bão mesmo, um dia ainda vou ser um cara endinheirado desses.

Pena que meus processos trabalhistas estão há anos parados, as cooperativas de fachada desviam bilhões nas empresas públicas e privadas...

Deforti disse...

Filósofo explica por que a corrupção impede a vida republicana plena

da Folha Online

"Quem anda por nossas ruas, com medo até de crianças pequenas, e depois se espanta com a descontração das pessoas em outros países pode sentir o preço que pagamos por não vivermos numa república --por termos um regime republicano só de nome" - Renato Janine Ribeiro - "Folha Explica A República"
O regime republicano vigora no Brasil desde 15 de novembro de 1889. Porém, o país ainda convive com o problema da corrupção, um dos "inimigos" da república.
Divulgação

Livro analisa o papel da corrupção como inimigo da república
O filósofo Renato Janine Ribeiro trata do tema no volume "A República", da série Folha Explica, editada pela Publifolha. O livro contrapõe os ideais republicanos originais a seus "inimigos" --a monarquia, a corrupção e o patrimonialismo-- e questiona qual república é possível hoje.
No capítulo "O Inimigo da República (2): a Corrupção", que pode ser lido na íntegra no trecho abaixo, Renato Janine demonstra que a "corrupção" não é apenas o desvio do dinheiro público para fins particulares --essa definição simplifica demais o tema.
De acordo com o autor, "o corrupto impede que esse dinheiro vá para a saúde, a educação, o transporte, e assim produz morte, ignorância, crimes em cascata. Mais que tudo: perturba o elo social básico que é a confiança um no outro". Sem confiança e sem um elo social, não há a vida republicana, em que prevalece a "coisa pública" (res publica), e, assim, as pessoas andam na rua com medo da violência.
O filósofo também traça um panorama dos sentidos que a corrupção assumiu ao longo da história republicana, desde Roma, quando se referia à corrupção dos costumes.
Leia o trecho abaixo:

O INIMIGO DA REPÚBLICA (2): A CORRUPÇÃO
Qual a sua idéia de corrupção? É quase certo que você fale em desvio, por um administrador desonesto, do dinheiro público. É a idéia que se firmou hoje em dia. Mas, antes disso, a corrupção era termo mais abrangente, designando a degradação dos costumes em geral.
Como a corrupção veio a se confinar no furto do bem comum? Talvez seja porque, numa sociedade capitalista, o bem e o mal, a legalidade e o crime acabam referidos à propriedade. Por analogia com a propriedade privada, o bem comum é entendido como propriedade coletiva - e até como bem condominial, aquele do qual cada um tem uma parcela, uma cota, uma ação.
Mas o bem comum é diferente, por natureza, do bem privado. No estatuto de uma sociedade comercial, é obrigatório incluir o destino a dar aos bens, caso ela se dissolva. Se constituo uma firma com um sócio, caso a fechemos repartiremos os bens que pertencem a ela. Mas isso é impossível quando se trata da coisa pública. Há certos "bens" que só ela produz e que não podem ser divididos: virtudes, direitos e uma socialização que não só respeita o outro como enriquece, humanamente, a nós mesmos.
Pensar o mau político como corrupto e, portanto, como ladrão simplifica demais as coisas. É sinal de que não se entende o que é a vida em sociedade. O corrupto não furta apenas: ao desviar dinheiro, ele mata gente. Mais que isso, ele elimina a confiança de um no outro, que talvez seja o maior bem público. A indignação hoje tão difundida com a corrupção, no Brasil, tem esse vício enorme: reduzindo tudo a roubo (do "nosso dinheiro"), a mídia ignora - e faz ignorar - o que é a confiança, o que é o elo social, o que é a vida republicana.
UM TEMA REPUBLICANO
Pode haver corrupção em outros regimes, mas sem esse nome ou sem os perigos que traz para a república. Lembremos a tipologia de Montesquieu: há três regimes, monarquia, república e despotismo. O despotismo é um fantasma; reside no Oriente; é a grande ameaça à política, porque nele tudo é comandado pelo desejo. Os súditos do déspota desejam muito, porque, com os nervos excitados, são sensíveis a toda impressão externa. Daí que sejam lúbricos, luxuriosos, imediatistas.
O império da lei é impossível sob o calor. Não havendo autodisciplina, só pela irrestrita repressão externa se dá o controle social. Para conter o desejo sexual das mulheres, é preciso trancá-las num harém e castrar os homens que as vigiam. No calor, governar é reprimir.
O curioso é que nesse regime -- mais uma caricatura que um retrato fiel dos sultanatos orientais -- não há o tema da corrupção. Como se corromperia um regime cuja essência já é a degradação (a corrupção) do ser humano? Mesmo que os ministros saqueiem os cofres, não existe, no despotismo, uma regra da honestidade, uma medida do equilíbrio, um padrão da decência. Sem regra, medida ou grau, não há como falar em desregramento, em desmedida, em degradação. A corrupção só cabe quando o regime social e político valoriza o homem. Não é o caso do despotismo.
Será o da monarquia? Nela, o princípio é a honra, e portanto uma valorização está presente. O nobre preza mais a honra que a própria vida. É isso o que limita o arbítrio do soberano. Mas há dois pontos a assinalar. Primeiro, poucos têm honra - só os grandes. Segundo, a monarquia é uma hábil construção para que de um princípio filosoficamente falso - a desigualdade natural entre os homens - decorram resultados socialmente positivos. A engenharia política aqui faz que o mal produza o bem.
O preconceito é valorizado na monarquia. Dele resulta uma sociedade que, se respeita a lei, não é pela repressão externa, nem pela autodisciplina ou pela convicção de que é justo acatá-la. Em suma, na monarquia há um uso sábio daquilo que, em linguagem republicana, seria corrupção: ela dá bons frutos. Há privilégios, há desigualdade, há apropriação privada do que seria o bem público. Mas isso é da essência do regime, e é usado por ele para evitar males piores, que estariam no arbítrio do rei, tornado déspota. E por isso não é correto falar, aqui, em corrupção.
Corrupção só pode haver, como nome, num regime que a vê como negativa, como má - num regime cuja existência é diretamente ameaçada por ela. É a república. Seus padrões são altos. Nela, o bem pessoal é requisito para produzir o bem social. Individualmente, tenho de agir bem. Só quem atinge esse nível de conduta é cidadão, na república. Ou, inversamente, apenas dos cidadãos se pede esse patamar de comportamento. Não se exige isso das mulheres, escravos, estrangeiros e de todos os que terão uma cidadania reduzida ou negada. Em outras palavras, a república é o regime da ética na política.
A CORRUPÇÃO ANTIGA
Há dois tipos de corrupção, na república, conforme ela seja antiga ou moderna. Na república romana, falava-se em corrupção dos costumes. O cidadão romano é o pater famílias. O nome "pai de família" não quer dizer que ele tenha filhos: seu significado é político e não biológico. Ele é o chefe da família, o varão que nela manda. Se um menino perder o pai e o avô, pode ser pater ainda bebê. Será "pai" de sua mãe, avó, tios e irmãos.
O pater manda na casa. Costuma-se dizer que a lei romana lhe conferia direito a punir e até matar as mulheres a ele subordinadas, mesmo a mãe, a esposa, as irmãs. Não é bem isso. É pior. Nenhuma lei lhe dá esse direito, simplesmente porque o membro da cidade é ele, e não as pessoas suas subordinadas. Elas não são cidadãs, mal têm identidade pública. Punir quem pertence a sua "família" é direito privado do pater, e não público.
O eixo do controle que o pater exerce sobre os seus passa pela moral. Um homem que não controle as mulheres que dele dependem é infame e será punido pelos magistrados que cuidam da moral. Essa moral não é apenas sexual (a vitoriana será exagerada e centralmente sexual), mas em parte o é. Discrição, autocontrole, contenção são alguns de seus termos principais.
É talvez em Roma que se elabora, ou se aprimora, um traço fundamental das sociedades mediterrânicas, que ainda perdura em alguma medida: a idéia de que a mulher não tem honra própria, mas porta a honra - ou desonra - do homem seu senhor. Violar ou desrespeitar uma mulher se torna assim a melhor via para infamar seu marido, irmão ou pai. Quem perde a honra não é ela, são eles. Daí que, ao se vingarem, eles às vezes matam também a mulher que - mesmo se foi violentada - serviu de veículo para eles serem desonrados.
Portanto, na república antiga, o centro da corrupção são os costumes. É preciso as pessoas serem decentes, para que haja república. Nisso se inclui a contenção sexual, mas sobretudo a capacidade de fazer passar o bem comum à frente do pessoal. Evoquemos Múcio Cévola, que - estando Roma cercada - vai ao acampamento dos inimigos matar o general deles. Erra e é preso. Vão executá-lo. Mas ele queima o próprio braço numa chama, sem um gemido sequer de dor, dizendo que assim o castiga pelo fracasso de seu intento. Horrorizados, apavorados diante de gente tão resoluta, os inimigos debandam.
Não há prova dessa história, que talvez não passe de lenda, mas o importante é que ela educou gerações de romanos na convicção de que o fim público passa à frente de qualquer elemento particular. Como escravos, mulheres e estrangeiros não sentem assim, é óbvio que não terão a dignidade de cidadão.
Contrastemos a coragem de Múcio Cévola com a dos exércitos orientais, descritos por Montesquieu nas Cartas Persas (lembrando sempre que ele exagera em suas referências ao mundo islâmico). Os soldados do sultão se batem até a morte, mas - diz ele, na carta 89 - sua valentia não é a de quem preza a si próprio, e sim a de quem se despreza. É medo (ao sultão) tornado coragem (diante do inimigo). Não é o caso do romano. A cidade é o que o realiza. É o que dá sentido à sua vida.
Daí, finalmente, que na república antiga a educação seja fundamental. Ninguém age - naturalmente - como Múcio. Pela natureza estamos mais perto da conduta feminina. As mulheres são os seres mais naturais. Querem satisfazer seus desejos. Desejam enfeitar-se, ter prazer. Precisam ser contidas - a fim de contermos nossa tendência natural a ser como elas. A educação do cidadão será permanente, pois em última análise pode fracassar. Não é uma educação como a moderna, que desde o Emílio de Rousseau (Émile, ou_De l'éducation_, 1762) acredita em transformar o ser humano em algo melhor e estável. A educação do cidadão antigo é interminável, porque não há como estabilizar seu produto. O homem pode - sempre - decair e corromper-se.
A LIBERDADE PESSOAL
A corrupção moderna é outra. É verdade que, quando a França institui sua Primeira República, durante a Revolução, muitos sonham com Roma, mais talvez que com Atenas. Mas isso não dura. E já os Estados Unidos, ou antes deles a Inglaterra monárquica, mas constitucional, haviam-se aberto para uma república de exigências aliviadas - como veremos com Mandeville.
Benjamin Constant (1767-1830), político liberal franco-suíço de tanto impacto no século 19 que um republicano brasileiro foi batizado com seu nome, criticou aqueles, como Rousseau, que davam tal importância à Antiguidade que não conseguiam ver as reais características dos novos tempos. Esse foi, disse, o erro dos revolucionários que quiseram restaurar a sociedade antiga, na qual a coletividade era tudo e o indivíduo, nada.
Para os antigos - explica Constant - a liberdade importante era a da pólis grega, da civitas romana. O cidadão aceitava sacrificar-lhe tudo. Mas nos tempos modernos a liberdade que conta é a do indivíduo, que não admite ser oprimido pelo coletivo. A coletividade para nós é um peso, um fardo. O convívio político e mesmo social se tornou custoso. Ampliou-se enormemente a vida privada, como área de produção econômica, como tempo de lazer e como espaço em que escolho os valores e fins mais preciosos de minha vida.
Disso resultam duas coisas. Primeiro, aumenta incrivelmente nossa liberdade - insistindo: como indivíduos, como pessoas. Escolho minha profissão, minha religião, meu amor. Cada vez preciso dar menos satisfação disso. Mas, se isso passa a constituir minha liberdade, é porque se esvazia o alcance social das escolhas. Se antes do século 17 tantas sociedades puniam severamente quem adotava uma religião distinta da dominante, era porque passava pela religião o elo social. Quando um budista se abstém de carne, um muçulmano de vinho, um judeu de porco, ele dá à sua religião um alcance bem maior do que no mundo leigo que a modernidade cristã construiu.
O que significa o casamento se tornar escolha pessoal? A justificação romântica é que assim escolho um cônjuge com o coração. Mas quer isso dizer que eu seja mais feliz? Não é óbvio. O casamento como contrato entre famílias tinha menor sentido sexual e sentimental, mas seu alcance social fazia dele um espaço de maior satisfação pública. Modernamente, estamos condenados a buscar a realização, a felicidade, no plano privado, quase íntimo. Perdemos a dimensão pública e sofisticamos a particular, a pessoal. Não é uma crítica; é uma constatação. Houve ganhos, mas também custos, uns e outros enormes.
A segunda conseqüência da modernidade é, assim, a redução do espaço público. Tornou-se exíguo. Os costumes passaram, de sociais ou grupais, a individuais. Surgiu a vida psíquica como campo cada vez maior de indagação, de perplexidade, de escolha. Ora, isso torna praticamente absurdo pensar em costumes como fiadores da república. Quando o valor básico é o da realização pessoal, como queimar a mão ou sacrificar a sexualidade a um ideal social? Ao contrário: se alguém nos propuser um ideal que passe por tais custos pessoais, provaremos que só pode ser um falso ideal, gerador de males sem fim e até de doenças. E provaremos isso tão bem quanto um antigo provaria o contrário.
A CORRUPÇÃO DESPOLITIZADA
Mas a idéia de corrupção dos costumes não desapareceu de um momento para o outro: provavelmente passou por duas fases. Para os antigos, ela ameaçava a república. Quando a França retoma uma república mais próxima da romana, em 1792-3, a corrupção e seu antônimo, a virtude, voltam à cena. Mas isso dura pouco. Daí a dois anos, Robespierre, o Incorruptível, é deposto e guilhotinado. Na vitória dos moderados - ou corruptos, como outros os vêem -, é interessante que as roupas femininas se tornem vaporosas e que em fins da década de 1790 mulheres da sociedade até exibam em público os seios nus.
Poucas sociedades se dispõem a pagar, pela república, o preço da contenção dos costumes; talvez o último movimento a fazê-lo tenha sido o Khmer Rouge, que tomou o poder no Camboja em 1975 e chacinou um terço da população, querendo purificá-la. Alguns temas republicanos, reativados em nossos dias, correm o risco de resultar em crime contra a humanidade.
Essa foi a primeira fase, tentando-se reciclar Roma em Paris. Mas não sumiu o tema da corrupção dos costumes. Não deu certo articulá-lo com a república, mas ele ressurgiu, fortíssimo, com os vitorianos. É curioso: Constant mostrou que não pagaríamos, pela república moderna, o sacrifício de nossa vida íntima. Mas se pagou esse preço, pela monarquia moral da rainha Vitória. A contenção dos costumes veio não com a república, com o regime da autonomia ou do autogoverno, mas com o da heteronomia, do moralismo, das reverências à realeza.
Nessa segunda fase, a corrupção tornou-se tema exclusivamente moral. Sustentou, é claro, uma política - mas sustentou-a de maneira não clara e explícita, como na república romana, e sim implícita e indireta. Até porque a contenção dos costumes era apresentada não como a condição para uma política (se quiserem ser livres politicamente, abram mão da liberdade íntima), e sim como a única conduta decente. No século 19, quando alguns religiosos cristãos, chocados com o deboche sexual dos polinésios, procuraram ensinar-lhes um modo tido como decente de ter relações sexuais (o papai-mamãe, como chamamos, ou a missionary position, como ficou conhecido em inglês), o que faziam era transmitir essa moral única para toda a humanidade. A política - no caso, a destruição de uma cultura em proveito da ocidental - vinha a reboque, discreta, escondida.
Enfim: a contenção e a corrupção dos costumes deixaram de ser tema explicitamente político e essencialmente republicano. Ocultaram a dimensão política e favoreceram a opressão. Nossos políticos da República Velha podiam ler Cícero e reprimir as mulheres de sua família: com isso nada efetuavam de republicano. Temas romanos podiam ser repetidos, mas tinham-se tornado vitorianos.
NOSSO PROBLEMA
A corrupção continua, porém, sendo um tema republicano - só que com outro sentido, outro conteúdo. Ela ainda é o grande perigo para a república. Como esta valoriza o bem comum, todo desvio dele para o particular a ameaça. Mas nossa idéia de corrupção é mais fraca que a antiga.
Chamamos de corrupção o furto do patrimônio público. Ora, isso faz esquecer que o bem público tem natureza distinta do bem particular ou da propriedade privada. Muitos se referem ao Estado como se fosse equivalente a um indivíduo ou empresa. Com isso, ficam na perspectiva patrimonialista, cujos problemas vimos no capítulo anterior.
Uma saída para a pouca importância, hoje, do tema da corrupção seria apostar na educação. Diríamos: a corrupção ameaça a república, mas não se resume no furto do dinheiro público. O corrupto impede que esse dinheiro vá para a saúde, a educação, o transporte, e assim produz morte, ignorância, crimes em cascata. Mais que tudo: perturba o elo social básico que é a confiança no outro. Quem anda por nossas ruas, com medo até de crianças pequenas, e depois se espanta com a descontração das pessoas em outros países pode sentir o preço que pagamos por não vivermos numa república - por termos um regime que é republicano só de nome.
A saída educativa é indispensável. Mas ela exige dar à educação dos costumes um sentido distinto do que teve no antigo pensamento republicano. Não se trata mais de conter a sexualidade, de promover a castidade e a discrição. Os costumes viáveis, a educação desejável em nosso tempo têm a ver com a realização pessoal. Será preciso combinar essa promoção de si com o respeito devido ao outro. E será necessário, mais que tudo, recuperar - ou reinventar - a idéia de que haja algo, no espaço comum a todos, que seja mais do que um simples arremedo social da propriedade privada.

"Folha Explica A República"
Autor: Renato Janine Ribeiro